quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Especialistas dão dicas para as mulheres chegarem ao clímax


A principal reclamação sexual das mulheres é não chegar ao orgasmo. De 30 a 40% das brasileiras dizem nunca ter sentido um, segundo pesquisas. De acordo com Gerson Lopes, presidente da Comissão Nacional de Sexologia da Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a explicação para a alta taxa de anorgasmia pode ser pelo fato da masturbação ser vista como um ato masculino no país. Nos EUA, este número não passa dos 10%.
Entretanto, o médico destaca que esta é a principal queixa de mulheres jovens, até 35 anos. Acima dessa faixa etária, a queima mais comum é a de falta de desejo.
Para Deva Nishok, do Centro Metamorfose, que desenvolveu uma técnica de massagem baseada no sexo tântrico, muitas mulheres têm problemas funcionais por causa da musculatura hipotônica da vagina. “Tanto a vagina quanto o clitóris são músculos e precisam ser tonificados. Quanto maior o tônus, maior a sensibilidade”, diz.
Ele lembra que o tônus está associado a substâncias como o sódio e o potássio, que são veiculadoras de eletricidade pelo corpo. “Com pouco tônus a sensibilidade torna-se suscetibilidade e aí há um declínio na sensação de prazer”, afirma Nishok.
Os exercícios de Kegel são muito utilizados para fortalecer a vagina. Um deles é contrair os músculos pélvicos por 10 segundos e depois relaxá-los. Repetir isto 10 vezes, três vezes ao dia. Outro é tentar parar o fluxo da urina, repetindo várias vezes sem contrair os músculos abdominais, da coxa ou os músculos das nádegas enquanto realizar o exercício. É possível ainda introduzir um dedo na vagina ou inserir um cone com peso e tentar segurá-los.
Além disso, Deva Manisha, outra terapeuta do centro que oferece massagens para mulheres chegarem ao orgasmo, ensina que você deve estimular a lateral do clitóris e a parte que fica acima dele, perto da junção dos lábios. Os pequenos lábios também têm grande sensibilidade e possuem glândulas responsáveis pela lubrificação vaginal.
Outra dica de Nishok é pegar no clitóris como se fosse o pênis do homem, com as pontas dos dedos e puxá-lo para fora. “As mulheres costumam empurrar o clitóris, mas ele é mais estimulado se for alongado. E com bastante pressão, para alongar em direção à glande clitoriana, exatamente como se estivesse masturbando um pênis”. Quando você alonga o clitóris ele fica maior, mais volumoso, com maior aporte de sangue e por isso aumenta a sensibilidade.
O vibrador, segundo o terapeuta, é parte fundamental para tonificar o clitóris. “Como na musculação normal você não alonga e depois tonifica? Aqui é a mesma coisa, depois de alongar com os dedos, use o vibrador com bastante pressão no clitóris para fortalecê-lo”, explica Nishok. E não adiantam 5 minutos, assim como na malhação, é preciso tempo para o músculo se desenvolver.
E o ponto G?
A discussão sobre a existência do ponto G é longa e não há uma conclusão. Lopes acredita que ele não existe e que o famoso orgasmo vaginal seja apenas uma extensão do estímulo clitoriano. Já Nishok defende a estimulação do ponto que ficaria na parte inferior do osso púbico e poderia se desdobrar para a direita, para a esquerda ou para o topo, dependendo da anatomia da mulher. Porém, ele concorda que existem ramificações nervosas que integram os dois pontos.
“Cerca de 80% das mulheres têm orgasmo com estímulo direto no clitóris, só 20% dizem que atinge esse prazer durante o sexo. Nestes casos, na maioria das vezes a mulher está sentada sobre o parceiro, então há um estímulo indireto do clitóris, com o dorso do pênis ou com o púbis”, explica o sexólogo. Já na posição papai e mamãe, o movimento mexeria com os pequenos lábios da vagina, que levariam ondas para o clitóris.
O orgasmo é caracterizado por duas sensações: a contratura da vagina e de vários músculos do corpo e a lubrificação aumentada. O excesso de lubrificação pode gerar a chamada ejaculação feminina. Lopes diz que raríssimas mulheres conseguem ejacular. “Havia duvida se não era urina que era expelida durante o sexo, mas é um resquício de próstata que solta em jato secreções em bastante quantidade”.
“No Brasil, a mulher associa orgasmo ao prazer, mas não são sinônimos. O orgasmo é uma das formas do prazer. Existem outros prazeres dos olhares, dos sentires. Não é bom ficar só em busca desse prazer. O orgasmo dura de 6 a 15 segundos, cada um tem que buscar o seu prazer”, conclui Lopes.
A seguir, os especialistas contam alguns truques para você colocar em prática:
A primeira dica é: libere sua mente.

A cabeça tem papel fundamental, então nada de ficar pensando em problemas, ficar com vergonha ou tentar controlar as reações de seu corpo. “O passo mais difícil, para mim, foi libertar minha mente para não tentar entender o que estava acontecendo no meu corpo, o segredo é se deixar sentir sem tentar racionalizar o que está sentindo. Aí é possível ir para outro nível de prazer”, explica Manisha.
Nada de ficar pensando se vai gozar ou não. Segundo o sexólogo, a orgasmocracia, ou seja, a pressão para ter orgasmo é o que mais impede a mulher de ter o prazer. “Quando você está preocupada com algo seu cérebro libera adrenalina. Aí não existe estímulo que faça ocorrer o orgasmo porque a adrenalina fecha as artérias”.
Conheça seu corpo e os pontos que dão prazer antes de buscar isso com o parceiro. Não se preocupe com a estética, resgate uma leitura visual e tátil. “Muitas mulheres querem ter orgasmo com o parceiro, mas é mais fácil aprender sozinha. Como você vai fazer com o outro quando você nem sabe com você como fazer?”, pergunta Lopes.
Segundo Lopes, não vale buscar a excitação roçando sobre o lençol ou as pernas porque isto gera um condicionamento e depois fica difícil chegar ao orgasmo de outra maneira.
A dois, é importante caprichar nas preliminares e nos beijos. “A saliva tem feromônio humano, assim como o suor, o que estimula a sexualidade”, diz Nishok.
“O clitóris tem muitas terminações nervosas, é a parte mais sensível do corpo da mulher. Por isso não é indicado estimulá-lo logo de cara. Colocar a mão nele muito cedo pode causar desconforto na mulher. É preciso que ela esteja excitada para que seja prazeroso”, conta o médico. Ele lembra ainda que durante o orgasmo ele se retrai e não se deve ficar procurando, isto pode até gerar dor na mulher.
Os pequenos lábios são muito importantes para a lubrificação da mulher, eles devem ser estimulados com a polpa digital do indicador. “Devagarinho, sem pressa...”, ressalta Nishok.
Na hora do sexo oral, alguns homens costumam lamber o clitóris, mas a dica é sugá-lo com pressão, enquanto a língua circula, molhada, de um lado pro outro.
Leve brinquedos e vibradores para a cama. O motivo é muito simples: “Quando você se masturba seus braços não doem? Não se cansam? O tempo de masturbação não é suficiente para tonificar a musculatura do clitóris simplesmente porque os músculos do braço não aguentam”, brinca Nishok. Já o vibrador só cansa quando a pilha acabar.
Escolha bem o vibrador que vai levar para a cama. Nishok dá a dica: “o vibrador tem que ser de boa qualidade senão não serve nem para fazer coceguinhas. Com ele em mãos, passe na base do clitóris, dos dois lados dele, várias vezes e com pressão”.
Use e abuse de géis. Quentes, gelados, com sabor. Eles ajudam a lubrificar e a deixar a pele mais sensível aos estímulos
Não esqueça o corpo inteiro da mulher e fique só focado no clitóris e vagina. Seios - Lopes conta que certas mulheres têm orgasmos só com estimulação nas mamas - e o períneo (o espaço entre o ânus e a vagina) também são altamente sensíveis
O orgasmo é uma reação reflexa e varia em cada mulher. Então, nada de ficar frustrada se não consegue com penetração e só com masturbação. O sexo é o conjunto e não só a penetração. Isto é importante também para os homens, que podem procurar outras maneiras de proporcionar prazer à mulher.